sábado, 29 de novembro de 2008

Relâmpago

Raios no céu como veias que se espalham pelo corpo inteiro... Ramificações atrás de ramificações, ligações aleatórias, sem serem pensadas, sem nunca conseguirem ser previstas, rasgam o céu azul negro de uma noite escura, de uma noite de chuva com nuvens escuras, com nuvens negras como pupilas abertas para o horizonte que atentamente observam os raios, destemidos, velozes, como rios de luz que percorrem o céu imitando a água destemida na terra.

São com fibras de luz que iluminam o céu, mostram o relevo das nuvens, as suas formas para as quem quiser descobrir no aconchego do calor, com a música da chuva que fortemente caí dos telhados, deitando-se no chão descansando de uma viagem tão comprida pelos céus que acabaram de ser acesos....

Rápidos, velozes, quentes e fortes, são como um flash de uma fotografia acabada de tirar... Encandeiam os olhos que quem observa, perto os destemidos boquiabertos, com um sorriso na cara e o brilho nos olhos, as faces frias pelo vento e o cabelo molhado pela chuva que cai insansemente, longe os medrosos, com arrepios na espinha o receio na cara, as faces amedrontadas com o corpo encolhido, enroscado que estremece quando ouve o forte rugido longe como se tivesse perto, tão forte que abafa o barulho constante da chuva que caí.... Rugidos que anunciam a chegada de um novo raio, de um novo rio... de um novo susto ou se calhar um sorriso escondido que só os olhos deixam transparecer...

Os caminhos são momentaneamente iluminados, do nada nasce a incerteza, pois porque a certeza é que a seguir à luz vem a escuridão... continua o frio...o vento forte, que sopra e sopra, assobia constantemente chamando as folhas para o seguirem como quem assobia a um cão para o chamar....

Vento que entre cada flash arrasta as nuvens, move-as, modifica-as... cada imagens tem formas diferentes, variam a cada instante, fazem com que o pensamento flua rapidamente a tentar encontrar alguma semelhança que seja, fazem com que o sorriso escondido não desapareça, fazem com que a imaginação voe em busca do momentâneo desconhecido, em busca da resposta que milésimas de segundo depois será impossível de alcançar....

Ouvir a chuva... cair... um trovão ao longe.... um relâmpago logo a seguir....

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Uma janela


Uma janela para o mundo, portas entreabertas à espera de uma mão que acabe de as abrir.... O movimento de abrir os braços para receber um abraço, uma boa vinda, para dar um carinho....

Uma janela que por detrás mostra um quadro, cheio de cor, de vida... pintado com tinta empastada, dura, quase como pedra, verde do campo que tão natural que parece... o cinzento da parede, pedras velhas pelo tempo ainda erguidas... resguardam o que é delas, como se uma história contassem....

Guardam um quadro, envolvido em madeira.. Uma vista... um olhar para o infinito, como um descanso para pensar sentido o vento do outro lado na cara, o cabelo a esvoaçar.... a tinta ainda fresca com a brisa de Outono que sopra todos os dias....

Um quadro, com cores em tons de cinzento onde todos os dias nasce uma folha verde, uma flor de diferente cor....

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